falavas devagarinho
com o leão na boca.
o mais importante
sempre foi o comer
do que dar abraço,
do que morrer feliz.
dizem que crianças
fechavam cigarros
verdes enquanto tu
criavas as inéditas
canções de ninar
que tanto crianças
como adultos ruins
usam para acordar.
vi por cada ângulo
teu cabelo rarear
com o ritmo firme
da batida do dedo
na corda do baião.
refeições telefônicas
sobre afetos gripados
cumulam em orgias
nos matagais da fé.
o cão danado da voz
sobre o couro perfeito
desabona o consenso
do que origina o som.
fora o que não diz,
mas retorce a tripa
no som da entranha
e vibra sem mantra
no dedo de relógio,
altura divina: chão.
réquiem formalista
da canção de rádio
na corcunda frágil
que sustenta frases
sopradas de longe
na bonança suave
machucada de luz.
salve o que nasce,
salve o que morre.
na calma do passo,
no cume da sorte.