para mané
não consigo tocar
dentro de mim
nesse menino brincando
na lama
com um canivete a quem
se basta
terra fértil, sujeira
cósmica, sobras
e uma lâmina sem fio
com que fiar
magra chance em rinha
de milicos.
tristeza que de olhos
fechados divido
com os camaradas que
dormem fundo
como anjos de pedra
entre os adornos
no topo de um manicômio
em chamas.
afugentamos a tristeza
com os trapos:
nossas roupas escuras
que demoramos
para lavar e usamos do
avesso até o pó,
como a invenção do
passo numa ponte
que vai desabando atrás
de nossos pés.
é sempre tarde quando
chega nossa hora,
nunca somos bem-vindos
nessa vida limpa
que esconde a carne podre
entre os dentes.
porque viemos só para
passar este recado:
sabemos quem são vocês pelo
cheiro podre
e podemos superá-los
com sujeira santa.
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