uma pessoa é eterna
quando te faz querer
escrever um poema
sobre ela, sobre isso:
uma pessoa como tu,
que imagino sempre
a correr com crianças,
como mais uma delas,
uma criança muito séria,
a ponto de outras
crianças
dizerem para o teu
corpo
sempre maior que o delas:
tu és pessoa séria
demais
para não ser uma
criança.
eternizar é também
isso:
imaginar sem poder ver,
cheirar os cabelos do
sol
com os olhos fechados
na fantasia da pele do
sol,
então pensar em cavalos
que corressem na água
ao ponto da eternidade
caber nas mãos fechadas
dessas mesmas crianças
com as quais tu corres,
e quando surges na
tarde,
com tua doce avalanche
devastas a pequena vida
com enigma de vulcões.
eterno talvez seja algo
que nunca vi se mexer,
algo como uma foto
preta e branca que é
como, imagino, sejam
todas as personagens
de todos os poemas
de todos os tempos,
eu mesmo talvez seja
uma daquelas crianças
com os mesmos olhos
que já olhei por horas
e nunca vi se mexer.
o que, sem se mover,
talvez seja a origem
de tudo que morre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário