20.8.21

"do meu amor pelos surfistas"


para guilherme zarvos

 

agora sinto uma saudade de escrever

como se fosse um condenado à morte.

de que a escrita me volte como corpo

para o prazer de um maníaco sexual.

hoje rodopio com o intestino solto;

a poesia assim jorra com mais amor.

entre todas as pessoas que já conheci,

só os surfistas nunca me enganaram.

uma página de livro russo, uma frase

me põe, como se diz, com a macaca.

do princípio foram só duas escolhas:

felicidade sem liberdade ou liberdade

sem felicidade – mas para escolher eu

precisaria saber o que são essas coisas.

as coisas todas flutuam e, de repente,

me achatam, quando me sinto mágico

e me sinto a melhor pessoa do mundo,

mas só os surfistas são livres e felizes.

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