18.10.21

"o coração é um tijolo"


aqui é criança solta e mãe de amor pesado,

na rua não faz noite muito longe do farelo.

quase esquizo um sujeito maleável cumpre

as ganas da intromissão dessa voz tão rala.

as bodas do fascismo oferecem repertório

ao diálogo com esperma de um futuro frio.

mordo o que posso sintonizo orelha de cão

no contrabando frágil de um pulo hesitante.

revoluções truculentas assistem ao passado,

seus dentes no rabo da filosofia geriátrica.

na crosta do afeto uma religião de feridas,

iscas de fluxo para uma história da guerra.

lança que fere é também madeira da casa,

marca mortífera na origem dessa aventura.

destino de criança é suor que dá com pelo

na fagulha suicida virada em outra estação.

o coração é um bumerangue de pedra dura

ao alcance de cada mão de criança magra.

o coração é um tijolo na carcaça do delírio

escorrido em mil cores por entre as mãos.

 

 

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