4.12.21

"um exagero bonito"


fiquei sabendo

que o Rasputin

tomava arsênico

no café da manhã

para fortalecer

sua tolerância.

 

eu de minha parte

camuflei Dionísio

debaixo do braço

porque não posso

mais me intoxicar.

 

sinto ganas súbitas

de me lançar feito

uma tocha humana,

pisar o buraco ruim

de nossas coalisões.

 

trago no meu peito

um ritual selvagem

de amizade e horror

pelas horas secretas

de uma paixão triste.

 

no interior do sonho,

diante da montanha,

só luz, tudo se deita,

o segredo adormece.

 

um exagero bonito

eu gostaria de ser.

explodir em cores,

devassar os corpos

com a sutil dúvida

de um dia perfeito.

 

 

 

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