24.12.17

Let Us Have Madness Openly (Kenneth Patchen)




Let us have madness openly, O men
Of my generation. Let us follow
The footsteps of this slaughtered age:
See it trail across Time's dim land
Into the closed house of eternity
With the noise that dying has,
With the face that dead things wear--
                                     nor ever say

We wanted more; we looked to find
An open door, an utter deed of love,
Transforming day's evil darkness;
                   but
We found extended hell and fog
Upon the earth, and within the head
A rotting bog of lean huge graves. 

                      *** x ***

Permita-Nos a Loucura Abertamente

Permita-nos a loucura abertamente, Ó gente
Da minha geração. Deixe-nos seguir
Os passos dessa era de carnificina:
Seu rastro cruzando a terra turva do Tempo
Dentro da casa fechada da eternidade
Com o barulho que morrer tem,
Com a cara que as coisas mortas usam –
                                       e nunca dizem

Queríamos mais; procuramos achar
Uma porta aberta, uma proeza de amor,
Transformar a escuridão maligna do dia;
                   mas
Ganhamos inferno prolongado e névoa
Sobre a Terra, e, por dentro das cabeças,
Um pântano podre com túmulos imensos.


*poema do livro Before the Brave (1936), tradução Leonardo Marona.

22.12.17

“a fruta mais estranha”


machucados e alegres
tocamos a revolução.
uma revolução que é
ao mesmo tempo ser
condescendente com
nossos vícios e vetos.

se pagamos as contas
tornamo-nos tristes.
se não pagamos, então
periga nos matarmos.

as antigas gerações
nos pedem fiado
uma gosma chamada
“noblesse d'esprit”.

damos nomes
a nossos filhos
de heróis caídos
que já se foram
e que no fundo
nós duvidamos
se algum dia
já estiveram.

nosso cotidiano revolucionário
consiste em nunca estar salvo,
mas estar sempre precisado
de algum tipo de salvação.

com essa falsa expectativa
untamos nossas artérias
de plástico duro como são
as tubulações de hoje em dia.

amarrados em árvores floridas
sorrimos e sapateamos a morte
essa fruta mais estranha bem ali
indiferente ao nosso lindo pomar.