a
todes os hipócrites bem-intencionades
protege-nos, oh senhor
dos fodidos,
dos eunucos comedores de
vieiras da USP
ou dos dalai lamas das
crianças violadas
ou dos judeus nazistas dos
nossos tempos.
ignora dos passivos a mão
mole do amor,
a calça curta da amizade
ou a ordem
para que tudo esteja
muito organizado
quando estivermos
praticamente mortos.
aniquila de uma vez por
todas no mundo
o escravista que quer o
fim da escravidão
ou o músico do povo e seu
montante sujo
de dinheiro do
agronegócio e aplauso feio
a uma elite podre que
idolatra che guevara
e pisa na cabeça de um
mendigo, este sim,
bem maior que che guevara
e a insurgência
colhe sem parcimônia o
fel dos piedosos
que lucram em grupos
secretos de elite
pela causa que não devia
ser lucro triste
mas tirar a lança do
fígado dos corajosos.
salva nossa alma do
encontro pútrido
com os tupinambás com
bonés do MST
que canibalizam loirinhas
universitárias
enquanto publicam em
grandes e riquíssimas
editoras revolucionárias
de extrema-esquerda,
mas negociam sua moral
com o nióbio dos Salles.
aliás, senhor,
protege-nos dos banqueiros pobres
e dos cineastas ricos que
gostam de justiça
nos filmes para
exportação, mas sentam-se
sobre a miséria moral que
criaram
como sua mais sofisticada
arte.
pela qual pagamos caro e
a qual aplaudimos
porque não temos mais
ideia do que se passa
e nem podemos
simplesmente jogar a toalha
ou dizer que estamos
dentro do jogo imundo.
nos resta apontar com
dignidade santa o ódio
com que fomos tomados
para não perecermos
diante da falta completa
de Eros e dos abusos
que cometemos, por grana
e um lugar ao sol,
sob a sombra da catástrofe que é nossa e será.