2.11.25

"um perigo suave"


agora fumo um cigarro inteiro,

na feira, debaixo da chuva forte.

preciso de um perigo suave, que

seja ao mesmo tempo sem risco,

mas imediatamente, então fumo

na chuva que avança e fica feia.

 

porque sempre após a chacina,

uma enxurrada lava o sangue

dos que não deveriam morrer,

e passa o recado da inundação

de uma espécie de praga fixa,

que somos nós, os ainda vivos,

nesses tempos de morte e qual

foi o tempo humano diferente?

 

nós viemos para saber a morte

e não para falar sobre ela, aqui

– na chuva, a gripe, fim da feira

– arremesso-me covardemente

no meu perigo suave: o do fogo

que luta contra a água, e ganha.

 

estou do lado do fogo, por isso

sou grato por toda coisa frágil,

como o fogo que não assassina

e luta belíssimo contra o vácuo

e a favor do trovão dentro de si.

 

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