10.10.25

"uma feira, um cavalo, um poema"




pro leprê 


faço um poema como quem pintasse,

a pedido do meu grande amigo leprevost,

nele existe uma feira e pessoas com pressa,

outras nem tanto, porque estão desempregadas.

 

nove e meia da manhã e a feira murcha,

cai o preço da uva, há mamões maduros

que parecem crianças doentes vendidas

para famílias que não podem ter filhos

e compostas por casais desempregados.

 

quando estão baratos, como no fim da feira,

os morangos parecem a primeira namorada

antes do primeiro beijo e tudo está por um triz.

 

até que o fim da feira desaparece de repente

– surge um cavalo! autorização para o poema,

sempre os cavalos desde homero, mais ainda,

surge um cavalo que, diferente dos de homero,

se delicia com restos de melancia numa caixa.

 

e a feira, desse ponto em diante, não acaba

nunca mais de terminar para sempre aqui.

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