25.12.16

"nossas pedras"



na escuridão da estrada
estão as pedras inevitáveis
do crescimento, no sentido
de passagem atropelada
e sem explicação sólida.

na clareza do amor
também há pedras,
porque se algo é criado,
vem sempre da pedra,
a coisa que não sabemos,
a coisa que muda o curso,
a coisa que assassina,
chamada pedra máxima.

estamos na escuridão
da estrada agora e,
por enquanto, as pedras
que nós sabemos
estão nas nossas mãos.

mas elas virão sem desespero,
as pedras inevitáveis, pedreira,
as pedras maiores que amassam
e as menores que se infiltram
no sangue e debaixo das unhas.

e quando vierem, é provável,
estaremos de olhos fechados
e as pedras em nossas mãos,
fechadas de medo e de fúria,
justificarão nossa esperança,
uma última vez ainda e mais,
o sangue da carne apedrejada.

Um comentário:

Artur Costa disse...

Coro Leonardo, gosto da sua poesia. Inspirou-me num momento difícil: http://olinguado.blogspot.pt/2016/12/aqui-te-embalo-para-sempre-em-meus_29.html