ainda falo
veementemente
sobre a perda do meu
cabaço,
capa frágil que me
protegia
da inevitável
humanidade.
sem crânio volto ao
gólgota,
com o esqueleto
aposentado.
a montanha-russa dos dados
já não faz o mesmo
sentido;
já não faz o mesmo
sentido
falar sobre isso agora.
eu não inventarei
um novo sentido.
entrei calado num país
manco,
me diverti aos prantos
com o fato de não ter
criado
nada com que se ganha
algo.
corre as gavetas o
azeite único
do último navio que se
afasta,
migrando no tronco
firme
de uma longa dinastia
anã.
não ganho, nunca perdido,
me envolvi com certo
fogo,
certo charme de incêndio.
na minha opinião
recolho,
dos repolhos que,
feios, são
sempre muito
nutritivos.
então eu reponho a face
no lugar da metade
sobrante
porque ainda estou
aqui,
nos meus anos oitenta,
nascido charrua natural
na lembrança da
membrana
violada que rompe o
crânio.
mas ainda não sou eu
aqui,
este ainda não é o meu
país.
é apenas mais um cabaço
possesso gritando em
vão,
anões distantes, sujo
rastro
na magenta de um
vulcão.