5.9.25

"Constant Sunday vs Lorde Byron"


talvez seja justo, como registro,

afirmar que você gostou de mim

sem que eu tivesse nada para dar,

estando eu mesmo desempregado.

ou seja: you liked my crazy looks!

 

entre a vida e o sonho que é você

tive boas perdas, péssimas perdas,

duras perdas – e perdas de alívio.

voltei a jogar futebol e – pasmo –

descobri-me um velho ambidestro.

 

não é fácil amar e ser inteligente

– na dúvida adotei um gato ruivo

que me faz companhia, me ama,

acredito que ele me ache bonito,

como você, mas eu prefiro gatos.

 

se viver é melhor que sonhar, não sei,

sei que é impossível amar um sonho,

pois sonhar é trivial e amar é imenso

como a vida e, ao contrário do sonho,

pode-se morrer de amor e não posso.

 

pois um gato chamado lorde byron

espera que eu retorne vivo do sonho

que é – que foi – você para fornecer

a comida mais real que vida, sonho,

você: que chamei domingo constante.

 

agora ando com uma faca no bolso

mais pronto, finalmente, para matar

do que para morrer, mesmo porque

descubro distúrbios, rasgo sinapses,

e o novo personagem também rouba.

 

mas quem sonha é o mesmo sempre,

é ele quem manda quando você vem,

quase um menino bonito que faz rir,

e domina sem altura o meu garrafão,

apenas para deslizar no aro mundano.

 

o mesmo que fornece nossas agendas

e come vida para que o sonho não dure

no calendário gelado de vários afazeres

que camuflam o medo de sentar, pedir,

receber e, por que não, até dizer adeus.

 

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