talvez seja justo, como
registro,
afirmar que você gostou
de mim
sem que eu tivesse nada
para dar,
estando eu mesmo
desempregado.
ou seja: you liked my
crazy looks!
entre a vida e o sonho
que é você
tive boas perdas,
péssimas perdas,
duras perdas – e perdas
de alívio.
voltei a jogar futebol e
– pasmo –
descobri-me um velho
ambidestro.
não é fácil amar e ser
inteligente
– na dúvida adotei um
gato ruivo
que me faz companhia, me
ama,
acredito que ele me ache
bonito,
como você, mas eu prefiro
gatos.
se viver é melhor que
sonhar, não sei,
sei que é impossível amar
um sonho,
pois sonhar é trivial e amar
é imenso
como a vida e, ao
contrário do sonho,
pode-se morrer de amor e
não posso.
pois um gato chamado
lorde byron
espera que eu retorne
vivo do sonho
que é – que foi – você
para fornecer
a comida mais real que
vida, sonho,
você: que chamei domingo
constante.
agora ando com uma faca
no bolso
mais pronto, finalmente,
para matar
do que para morrer, mesmo
porque
descubro distúrbios,
rasgo sinapses,
e o novo personagem
também rouba.
mas quem sonha é o mesmo
sempre,
é ele quem manda quando
você vem,
quase um menino bonito
que faz rir,
e domina sem altura o meu
garrafão,
apenas para deslizar no aro
mundano.
o mesmo que fornece
nossas agendas
e come vida para que o
sonho não dure
no calendário gelado de
vários afazeres
que camuflam o medo de
sentar, pedir,
receber e, por que não,
até dizer adeus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário