29.6.25

"para k. no dia do seu aniversário"


eu nunca poderia imaginar que,

no ápice de um ciclo desgraçado,

mas, na verdade, não de todo,

eu me apaixonaria por alguém

não por ser uma pessoa amável,

curiosa, um mistério, paz louca,

esfinge, musa grega, egípcia,

vênus de milo, esses delírios

infantis que costuram a carne

e perdemos conforme vamos

ficando mais perto da morte.

 

e quem diria que, meio velho,

meio homem, meio palhaço,

meio gengis khan, fecundaria

teus olhos com essa areia suja,

escalaria a tua duração úmida

no presídio dos meus braços.

 

no meu gulag de perseverança

serias tu catarina, gigantesca,

criança adulta, nariz-holofote

que viu na tímida fermentação

o desvio de um parapeito frio

que alcança o sol da meia-luz,

já que, deslumbrados, vimos

a luz na máquina entre flores

arrastando com nossos cheiros

as carcaças das nossas dúvidas

na colisão do que, aflito, treme

e se arrasta de um canto a outro,

na ponta de um mesmo segredo.

 

aquele que, quando perguntam,

esquecemos e, ao esquecermos,

sabemos melhor do que ninguém.

 

06 de junho de 2025

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