nothing is too wonderful
to
be true
michael faraday
você reclama que eu nunca
escrevo
nada que traga o seu
nome dentro.
é verdade, acho que
quando olho
você vejo as coisas que
eu tenho,
mas não gosto, tenho
medo de ter,
são mais eu do que
quero de mim.
é possível amar aquilo
que espelha
nossas mais límpidas
imperfeições?
acho que você também se
pergunta
isso quando pensa em
mim, é como
usar uma isca que é
também o peixe.
eu amo a armadilha do
nosso amor
porque você é um perigo
que trago
na costela do mais violento
abraço.
talvez eu nunca consiga
te embalar,
como você faz comigo
aos sopapos,
pois vejo a cratera no
topo da crina
que nos torna galos de
abate lógico.
nos conhecemos aos prantos,
a vida
tem sido essa jornada
úmida de luz.
resgatamos a cada
estação corações
sufocados pelo cansaço
de dizer sim.
acho que não sabemos
quem somos
e precisamos de um amor
definitivo.
necessito me furtar ao
ódio de mim,
às vezes é difícil não
ser despejado.
que avance nossa
jornada carmesim,
que possamos lamber
feridas podres,
aceitar o que trazemos
já como sina.
e baixar a crina, ferir
o beijo na testa.
Um comentário:
Belíssimo poema. Porrada (espora no espelho) de galo índio, como os que criava meu avô.
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