sou daqueles que fogem com circo,
trabalho com as crianças
pelos dias
em que elas serão os adultos
mirins
que escreverão tudo
sobre o fogo
enquanto têm as mãos em
chamas.
imagino são pedro burguês
sacana
que gosta de dar chuva
aos pobres
e faz os ricos
organizarem maconha
na tanzânia, amsterdam,
em lisboa.
uma pena que aos ricos
não apeteça
transar poesia nas
tardes de segunda.
fermentação, éter e
bosta de cavalo:
é o que traz ao pobre o
doce-amargo
dessa aventura poética
microcefálica.
acontece que nas boas
famílias ricas
a poesia vai se
tornando fala eunuca
sobre um modernismo que
regurgita
peripécias de um tempo
em que era
bonito não ter nada e
arrotar carícias.
eu queria ser um teaser bem educado,
fazer poemas bonitos
por encomenda
para pessoas que já não
se apaixonam
e poderiam muito bem
comer espelho.
agora escuto dulce 3 nocturno e penso:
você é a melhor canção do
meu mundo.
meus olhos curtos focam
flor de gastrite,
me vejo feliz numa
bicicleta em chamas.
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