cheio de cédulas e moedas
enfiadas duras bajo el vientre
sigo solo por las calles ardientes
digerido e vomitado pelo vento.
descanso e compro um boné roxo
retirando as moedas e as cédulas
de bajo del mi vientre con amor.
é bonito um boné assim eu penso
todo roxo como en bajo el vientre
como a cara estampada na cédula
un señor como que roxo asfixiado
penso que de tanta plata ou aires
de importância, jagunços ávidos
da ganância estrangeira e branca.
mas sigo hasta el rio dónde niños
treinam futebol com sus novias
o amor a broma a brisa a brava
sorte de estar de pé emocionado
da terrível sorte de estar perplexo.
são pessoas brancas mas a mim
parecem aborígenes, africanos,
chineses, hindus, zapatistas o sea
a mim em suma são como seres
que fundaram algo e que depois
foram usurpados isso me parece
exato enquanto observo seus olhos
o modo displicente como se tocam
uns nos ombros dos outros e se dão
beijinhos nos lábios e nas bochechas
para ao mesmo tempo dizer te
quiero
e também dizer te caliento soy
tuyo.
entonces cambio de humor e apanho
meus fones de ouvido para escuchar
un rato de nuestra música tupiniquim
que é minha forma discreta de vestir
a tanga e desempenhar meu afeto livre
por um país tão imenso quanto perdido
e tão mais com medo do que eu mesmo
sem grandes epopeias porque nele pulsa
cérebro de peixe além de tripas firmes.
a tripa aguenta ainda o suficiente
para que eu siga pela beira do rio
escuchando manduka luiz melodia
sergio sampaio e o maior de todos
joão gilberto que canta olha o jeito
nas cadeiras que ela sabe dar e isso
enche meus pulmões de uma gana
toda nuestra toda tupiniquim
que é
gana extra já sabemos não estamos
de férias pois aqui é o fim do mundo
salve amado brasileiro torquato neto
tua cabeça amassada é nossa pulga
que coça atrás da orelha do sonho
isso já ficou bem claro só que ela
está comigo o som e o sol não sei
mas aqui ninguém adivinha, aqui
não tem magrelinha ni naranjita
aqui no fim da linha uma donzela
que parece na verdade uma pantera
desliza de patins cai enxuga a cara
e no fim da trilha me lanço aos pés
da estátua de confúcio e leio sobre
direitos humanos de antes de cristo
quando a gente era ainda próxima
dos deuses da violência preliminar
que me traz de volta à ciudad
vieja
e lembra cristo padre madre abuela
e sento para respirar fechar os olhos
por dez minutos numa igreja vazia
abro os olhos vejo a missa começa
o padre fala sobre direitos humanos
de depois de cristo e parecem menos
realistas mais heroicos espalhafatosos
que os direitos humanos de confúcio.
na convocação para comer a hóstia
me quedo em ligeira hesitação suína
mas depois penso que até os porcos
são filhos de deus então lavo o rosto
com água benta e dou todas as duras
moedas e cédulas bajo en el
vientre
a um mendigo tan guapo como yo.
dali sigo ouço ¿por que no un rock
porteño tanguito charly luis alberto
ou aquelas bandas de fazer rodinha
tão bonito aqui eles chamam pogo
manal redonditos pescado rabioso
e que possa então finalmente chorar
e se eu cair que nunca me amargure
a loucura que nunca disse a ninguém
que ela venha comigo e me embale
com o carinho de uma mãe oriental:
república oriental do meu sonho vivo.