você estende seus quatro dedos
e pede água porque está
rouco.
então de novo, forte e
pequeno,
você penetra a cabeça
do povo,
trazendo um alimento
tão doce
que é a palavra
bendita, a frase
que vira a seta para
alguma luz.
metade gente, metade
monstro,
não pudemos cantar teu
nome
como o totalitário sim
ao amor.
havia choro contido,
presidente,
havia na alma uma represa
de pus.
agora arde e, se arde,
já sabemos,
cura, e se aperta
segura, foi você,
na verdade, que nos fez
aprender
a dar vida aos ditados
populares
e trazendo de volta a
imaginação
que fugiu daqui tem quatro
anos.
falando apenas por mim
quero arder
outra vez na convulsão
do carisma
com que os deuses te presentearam:
tu, criança jesuíta que
mil Herodes
não puderam matar, agora
desperta,
rebolando, dançando
cheia de tesão,
nos dizer É PRECISO TER
TESÃO
porque não é possível
que a barbárie
seja a base irretocável
do nosso gesto.
com um jeitinho de se
movimentar
todo particular você
vem, sem voz,
gritar os nomes que desapareceram,
invocar todos os nossos
ancestrais,
arrepiando os pelos de
meio país
que precisava tanto de
algo bom,
que é justamente você,
presidente,
que lembra que não
somos duros
ressentidos vazios de
eros e amor,
mas o povo pela metade
que cura
o rasgo na pele com a
saliva justa.
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