para kiddo
a poesia começa com a
barbárie
na comunidade do sonho juvenil
– com humildade
revolucionária
e nenhum argumento
filosófico.
incêndio na ala das
crianças órfãs!
tudo remonta tempos
imemoriais,
a não ser pela fala
pobre do poeta
– quinto na fila rumo
ao olimpo –
que mesmo pobre criou
os deuses.
demonstrações infantis
de maldade!
exuberância original do
corpo rijo,
a poesia começa com
ossos frágeis,
da história, ao
calcanhar de aquiles.
não penso, por isso
existo: heroico.
sou eu o milagre ao
qual me agarro,
o mesmo milagre que
construímos.
sem moral alguma, apenas
avanço
com gargalhadas e dispêndio
de fé
: criação do que jamais
deformarei.
repetição dessa história
eterna ideal
às margens do meu
desejo raquítico.
idade dos deuses, do
poema heroico,
idade dos homens, de
volta à caverna.
deuses outra vez, fé no
que não se vê,
providência divina:
força de acúmulo
da humanidade em
desespero de fim.
devoção, sexo, enterro:
eterna trilogia
– canibal cartesiano após
a dissecção.