eu quero mãos calosas e
corações macios,
descobrir o fracasso
como a flor precoce.
na raiz do naufrágio
vive o coração do rio,
as implosões são o pus da
nossa boa sorte.
quero alguém que me ame
tanto a ponto
de eu pensar que
escrevo a mim mesmo.
a moral se apagou nos lençóis
do aborto,
ancoram anos elefantes em
desfiladeiro.
é preciso um trovão uma
coisa que rosne
dentro de algo macio
que traga conforto.
é preciso arrastar
talvez um corpo morto,
somar suor e surra no silêncio
da degola.
sopra de algum sonho a
chance concreta
de agarrar sem arrebentar
o fio de prata.
eu quero a vida que
espreita pela fresta
da porta que range
e nunca se escancara.
roubar de olhos abertos
o que se proponha
a fazer faísca na
fogueira que fria se apaga.
no investimento do que ri
e não tem nome,
eu serei a gentileza de
uma disputa de faca.
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