aqui os homens desesperados,
humilhados pelo
iluminismo,
castrados em suas próprias
camas,
ordenados por uma natureza
hostil,
filhos bastardos de homens
nobres,
filhos de açougueiros,
padres e trastes,
piratas e ferreiros,
idólatras e loucos,
sombras de uma piedade
rancorosa,
aflitos de deus e da solene
autonomia
do gesto, a quem
nenhuma mulher
veio ensinar a paciência
do gesto,
a gestação do gesto, a
coragem da vida,
então eles se bateram
em duelos,
fracos e tísicos e
magros e rudes,
com perucas florescentes
e olheiras,
com bandanas corsárias
na cabeça,
todo o risco de não ser
alguém bom
e ainda assim viver
pala além
da sobrevivência e do
martírio,
mas ah se houvesse ao
menos
uma prima, uma irmã,
uma mãe,
além dos mil discípulos
de jogatina,
que pudesse enxugar as
lágrimas
de toda uma geração de
crianças
heroicas e assustadas e
brutalizadas
por uma coragem forjada
na guerra,
por uma ideia que se
esvai na doença,
trêmulas carcaças em testes
de honra,
isso nunca foi
suficiente e malogra
todas as expectativas
de um século
que cai no colo da
nossa juventude
como o fogo ainda incandescente
de todos os erros e
falhas e desvios
que se possa acolher no
colo original
da mulher que homem
nenhum sabe,
e que traga alguma paz
ao suor doentio
na expectativa de
alguém que diga:
não se preocupe, meu pequeno,
viva
e não se preocupe com
nada agora.
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