com braçadas náufragas
chegarei à ilha,
navio que afunda, eu
chegarei ao porto,
no sono da culpa, eu
chegarei à igreja,
na lesma da planta, eu
chegarei à larva,
na troca da guarda eu
chegarei à guerra,
no erro de deus, eu
chegarei ao cristo,
insisto e imploro, eu
chegarei sem hora,
com raiva e perdido, eu
chegarei vivo,
na crista da onda, eu
chegarei na areia,
sem eira nem beira, eu
chegarei aberto,
gatilho de incesto, eu
chegarei só osso.
com corvo na ideia eu
chegarei tagarela,
na flor do pecado, eu
chegarei sem água,
com fome, com sede, eu
deitarei na rede,
à espera dos bárbaros,
eu ficarei sentado,
na longa jornada, começarei
de novo,
entre vida e aborto, eu
morrerei de sono,
com os pulsos abertos,
eu fundarei a paz,
com paz ou sem paz, uma
coisa é certa,
a paz é produto do que
explode na selva,
mas o selvagem virá,
ele dobra a esquina,
traz mito, traz lança,
ele me traz pequeno.
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