vou-me embora de copa,
onde nunca fui filho de
rei,
dormi em cama
emprestada,
tentei passar de cabeça
erguida
diante dos filhos de
militares
que tocam fogo nos
mendigos.
sempre estive exilado
em copa,
sendo ali um pouco
mendigo,
sendo um pouco filho de
militar,
sendo um pouco fogueira
feia,
mas amei copa
platonicamente,
como
uma senhora cara demais
e também como aquela bisavó
que fuma escondida no
lavabo,
detesta humanos e aos
pombos
dá de comer: vou-me
embora.
nunca tive um amor em
copa,
trouxe o meu de santa
teresa
e sempre tive a fria
impressão
de que eu era pouco pra
copa,
e copa era pouco pra ipanema,
e ipanema era nada pro leblon.
posto que eu era nada
no nada
e essa vida era uma
telenovela.
finda novela, digo
adeus a copa,
onde não encontrei uma
esfirra
boa como no largo do
machado,
ou uma tapioca que
fosse páreo
pra tapioca da feira da
glória.
era preciso ter sido um
velhaco
pra estar em copa com
espírito,
mas sou um homem nem
velho
nem novo e vou embora pleno
de que nada aqui foi para
mim,
eu que, por não ter muita
grana,
talvez diga adeus, copacabana,
com água da casa no
botequim.
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