já estava com saudades
desses dias
tristíssimos
em que os amigo caem
feito cabelos no câncer
e as juntas avisam: vem
chuva por aí; nas casas
as pessoas se encolhem
e nas calçadas ainda há
imaginária abundância
nas palavras de carinho
violentas como o amor
porque no fim do mundo
apenas os mendigos têm
direito civil à
derradeira
festa do fim dos
tempos.
esse banquete de
restos,
a felicidade sem
dentes,
enfim uma sintonia fina
com a despreocupação.
enquanto isso, em casa,
os donos do bom reino
dos céus, eles se agitam
para se tornar as
cinzas
da nossa última
fogueira
ou talvez fundar marte.
eu não procuro o reino
e não fundarei planetas
mas posso acompanhar
a inédita marcha
fúnebre
pois ainda não me
tornei
um mendigo para poder
dançar a derradeira valsa
e finalmente ser o nada
que se reunirá outra
vez
no fim da apresentação
de um espetáculo triste.
fui um mau ator, penso,
daria um bom mendigo.
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