a casa não está suja nem limpa,
o coração anda frágil, as
roupas
violentaram a máquina
de lavar
de modo que ela pareça
asfixiada
e seus trancos queiram me
dizer:
por favor, me ajudem,
socorro!
as contingências agora impedem
que nos ajudemos uns
aos outros
com a mesma facilidade
de antes
e nunca precisamos antes
de ajuda
como precisamos todos nós
agora.
calhou de sermos nós a
geração
destinada a assistir a tão
inéditos
horrorores e ainda
atravessá-los,
ou ser atravessada por
eles, isso
é o tempo que vai
dizer, dizem;
eles sempre dizem
alguma coisa.
não faz sol ou chuva,
frio ou calor
no ventre deste colapso
todo nosso,
nos milhares de
rascunhos humanos
que a natureza perversa
dos desejos
fez apagar para sempre
nas sombras.
ficando por aqui me dá
impressão
de que as melhores
pessoas estão
nos deixando e só nós,
os terríveis,
ficamos aqui para ver o
gran finale.
mas então lembro de
várias pessoas,
que vivem e se debatem
lindamente,
de alguma forma na
ponta dos dedos,
trazendo consigo a
doçura e a fúria,
o arremesso e o pouso
da existência,
então fico feliz por
ter ficado para trás.
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