para adelaide ivánova
com coração em jejum
animo os ponteiros
de uma bomba-relógio.
com paz de cimento
afio um raquítico
faqueiro de promessas.
com um assombro nu
o mofo aduba a vida
guardada numa outra
imensidão – crescida
para dentro como as
pálpebras da saudade.
com uma fé de chumbo
os cavalos da memória
agora boiam na lagoa
dos meus olhos – aqui
a esperança é um padre
na cama da compulsão.
não esqueci, contudo,
que no escuro há som.
não deixarei, entanto,
que no raso falte água.
e que na água, os
seres,
e que, nos seres, amor.
amor eu não sei dizer,
mas faço, perdido faço.
e marcho sem as botas,
e marcho, porque vejo:
ali tremem mãos e pés,
na direção do comum.
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