para bichita
ela é muito mais grandiosa
que os meus
pensamentos,
morena ou loira ou careca,
me diz que à noite
esfarelo
os dentes finos de
jumento
como se comigo
carregasse
uma tonelada de
desespero
capaz de matar um
cavalo
ou deixá-lo sem os
dentes.
sou um cavalo pé-de-pano
triste no desenho animado
e eu sei que será o meu
fim
quando a mandíbula
feroz
que sustenta essa voz
ruim
de um pinguço
aposentado
afrouxar todo peso da
vida
porque nunca soube amar
e amo como um alucinado
a única feiticeira
medieval
que, contra todo
conselho,
montou o cavalo
vira-lata
e, sem esforço,
flutuamos
por sobre pedras e
abutres
e quantas vezes esfreguei
a língua contra as
paredes
da sorte a fim de pousares
em mim teu olho amarelo
que afasta os abutres e
tira
pedras da ferradura antiga
como o próprio apocalipse.
todo dia é o dia do teu
dia,
tu que és punk de
pracinha,
deusa gótica de um
baralho
cujas cartas catas
pelas ruas
na profusão de mil
planetas
que se movem rumo à voz
que grita pelo fim do
açoite
quando por fim
galopamos
com a coragem que
persiste
em toda canção de
protesto
e nos dentes que eu te
darei
como prova do meu
desejo
de povoar tua magia
aberta
com meu surto de
ossadas
no fundo do teu
caldeirão
com mistério que
justifica
os contornos do
precipício
pelas linhas das tuas
mãos.
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