sinto que, pelos poros
da saudade,
passa, desalmada, a minha
estação.
vou me tornando mais um
covarde:
de olho fechado, sentado
no chão.
pela mente rasa me vem a
luxúria,
ela vem limpa feito uma
bailarina.
do teto do verso da floresta
escura
desabam palavras, como suicidas.
mas fico sentado e
forjo desejos
e digo a mim mesmo: não
é certo.
da casa maldita eu peço
despejo,
da mata fechada eu faço
deserto.
que pode, no deserto,
um suicida:
engolir areia até a
morte acordar.
conversar com as cobras
da bíblia
até que, do tédio, desague
o mar.
de volta ao corpo, após
uma hora,
bem-vindo fosso do meu desterro.
agora de medo me doem
as costas,
cansada, a degola revive
no medo.
a pelanca das horas
gera este novo
canto de aboio com hora
marcada.
sentado medito, atrás
do encontro
que pede abandono e,
sujo, se lava.
grávido de luz e só,
inimigo do sol,
entrego à manhã meu ex-natimorto.
na casa malsã dessa anorexia
social
rasgo com silêncio a
fúria do corpo.
visão empalada por
uivos, a dança
sacode as vísceras do
meu destino.
desminto a caça, quebro
a balança
da morte, mas agora o
rei foi visto.
depois me levanto,
engulo fumaça,
esqueço do fruto da
nova penhora.
sinto o escorbuto na
boca da casa
e sigo sujo, sem medo,
sem glória.
desligo o fio do mundo
e assassino
a conexão de mentira dos
espantos.
no colo eu trago este
velho menino
e, na voz asfixiada, um
novo canto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário