18.6.20

“atibaia”



é como se pusessem a máscara sobre a outra,
quando o que se quer é ver o sangue na cara.
é como se acordassem o feto de um aborto,
quando é preferível nascer da morte dada.
é como se na cruz morressem de um arroto,
quando melhor entrar no céu de carteirada.
é como se o prêmio fosse um hino de osso,
quando rindo se canta a fratura da palavra.
é como se a tortura fosse o ápice do gosto,
quando melhor lamber a pedra da pedrada.
é como fachada picareta na flor do suborno
quando sobe a lama seca de um rio alagado.
é como se bandeira branca cobrisse o fosso
quando arrolam os cinquenta mil cadáveres.
é como olhar a suástica subir já sem fôlego,
quando no ar rarefeito rolasse morro abaixo.
é como asfixia a glote do medieval demônio
quanto enfim surge o deus da água saudável.

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