vez por outra um anjo
torto
surge aos gritos e eu
escuto,
pois sou da legião dos
tortos
e não entendo o que sopram
os anjos plenos de sussurros.
penso eu que todo anjo
torto
tem um quê de anjo japonês,
daquele que brilha de
sujeira
e funda vida através da
lama.
anjo sem ascese –
anjo-buda.
todo japonês é poeta,
aquele
que tatuou gatos nos
braços,
pertence à máfia e
assassina,
também coveiros,
facínoras,
bem mais até que os
poetas.
queria ser o japonês de
mim,
saber que a corda só
faz som
quando bem esticada e assim
ter na mão tesão de
esticá-la.
um anjo torto veio e
lambeu
minha ferida aberta e
podre.
seja bem-vindo seu
enxofre,
que cura dor com luz e breu
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