recolher um verso sob o
sol
e outro, molhado de
chuva,
deixá-lo secar com as
frutas.
felicidade é essa
viagem
com pedras nos sapatos
e um samba no coração.
não ligo
que o mundo
esteja
perto do seu fim
e que nunca
tenhamos
sabido
como estar nele.
eu
quero o bafo bruto
do seu
frescor bucal,
eu
quero ouvir o hino
de
todas as entranhas.
nos sonhos
mais úmidos,
corpos
caem de muitos
metros,
sempre de pé,
depois
correm de volta
para
dizerem como foi.
como
um gato que sobe
em
minhas costas duras
ou um
trompete agudo
quando
bate meia-noite.
como a
horda de vidas
na fila
de uma atenção
miúda e
tão ambidestra
nos cumes
da gratidão.
quase
raro o pendor
que compartilhamos
em cacos
de versos,
água aberta
que rola
diante
da cachoeira
do que
está por vir
e ainda
não vemos.
água que
se bebe
na sede
invertida,
areia
de projetos.
e sinto
que as tardes
cozinham
os alardes
enquanto
eu aprendo
a
ficar ereto, sentado,
com
garras fincadas
nas costas
dos gritos.
comer os
versos como
quem come
uma fruta.
então engolir
sementes
para gerar
no estômago
uma existência
inédita.
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