você precisa agora se
disfarçar de alguma coisa,
não porque você seja
falso, talvez um pouco pernóstico,
mas porque você não sabe
o que deveria fazer,
essa coisa em movimento
amedrontado que é você não sabe
e mais uma vez o mundo
está acabando e todo mundo
se recolhe e explode por
dentro: é o fim eles dizem
e você precisa de alguma
forma se disfarçar,
porque você não sabe quem
é e isso é muito grave,
pessoas muito próximas
que entram e saem parecem
saber exatamente ou pelo
menos mais que você
sobre o que é ser alguém
sem nenhum disfarce.
mas aqui está você mais
uma vez à sombra do vulcão,
você não engana como
groucho marx ou fassbinder,
talvez as pessoas outras
tampouco saibam bem
o que é que acontece
quando se perde a imagem
capaz de ultrapassar o
mundo para dentro de cada um,
que é cada um na solidão
invencível das multidões.
mosquitos saudáveis
gostam muito do teu sangue,
disfarça tua medusa no
incêndio do teu passado,
escreve o texto e dorme
porque na rara manhã
você carrega livros
impossíveis dentro da cabeça
e se disfarça daquilo que
só existe para não te salvar.
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