vestir-se é tão
somente
a capacidade de
estar nu
fora de si
emanuele coccia
e
sinto que não sei o que é o verso, que um passa
toda
uma vida fazendo o que não se sabe o que é.
as lantejoulas
eu sei o que são, apenas sobrevoam
gravíssimo
problema: alienar o que, alternando-se
permanece
sob meu verso justo como um escravo.
sufocado
de explicações e justificativas vantajosas
faço o
mesmo todo dia: isso é isso, aquilo é aquilo.
filhos
de mães taurinas nos amamos como bezerros
mas, nu
fora de si, o embrião não pede explicações.
enquanto
juntos secamos os reservatórios de saliva
é ele o
segredo que, pelado, torna-se presa caridosa
– e
cheio de panos simplesmente não faz promessa.
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