13.5.18

“o embrião”



vestir-se é tão somente
a capacidade de estar nu
fora de si
emanuele coccia


e sinto que não sei o que é o verso, que um passa
toda uma vida fazendo o que não se sabe o que é.

as lantejoulas eu sei o que são, apenas sobrevoam
gravíssimo problema: alienar o que, alternando-se
permanece sob meu verso justo como um escravo.

sufocado de explicações e justificativas vantajosas
faço o mesmo todo dia: isso é isso, aquilo é aquilo.

filhos de mães taurinas nos amamos como bezerros
mas, nu fora de si, o embrião não pede explicações.

enquanto juntos secamos os reservatórios de saliva
é ele o segredo que, pelado, torna-se presa caridosa
– e cheio de panos simplesmente não faz promessa.

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