eu estava tendo uma
terrível recaída
enquanto você morria
num quartinho
perdido na parte sul
que nos envolve.
você se voltou para
dentro e morreu na santa cruz
daqueles que tatuam a
pele quando doem de amor.
você morreu e eu talvez
tenha perdido o amor.
você saberia me dizer a
diferença disso tudo...
mas você não dirá mais
nada e permaneceremos
como os robôs sem amor da
tua ideia mais limpa.
entrei numa confusão,
recaí, estava do lado certo
mas quebrei os óculos e
não posso outra vez pagá-los.
talvez porque no fundo
eu teime em não ver tudo.
e agora que você
morreu, recair tornou-se um crime.
agora que talvez aos
olhos do amor eu tenha morrido
você parte ao mesmo
tempo enquanto eu não choro.
do meu modo lutarei tua
morte como uma guerra.
tua ausência me dará
certeza de que preciso ser bom.
a cada dia até o fim retomar
o que se perdeu de amor
dar o que nem se tem com
mãos cavadas em sangue.
eu te amo porque sou
contigo um desterrado lírico
alguém sem chance
alguma que ainda quer mais.
você gritou as feras
por dentro da carne maltratada
você se mandou e deixou
um arbusto de dúvidas
telegrama infinito tarde
esquecida da nossa intuição.
porque é preciso sempre
voltar para o interior –
é nossa única chance de
abandonar as regras e ir.
você provou do veneno e
fez dele um rega-bofe –
ainda precisamos escrever
a canção da tua faca.
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