tu davas aula às almas
mais perenes do falho
gigante que arremessa
na sombra de um triz
a escolha do amigo mau
numa valsa envelhecida
e sabias como ser uma
espécie de carlos
santa-
na tábua de nossa fera,
tuas madeixas jesuítas
o teu bigode chicano ao
piscar os olhos pelo
limo.
pirata não eras, quando
muito não tiveste grana
a não ser a calça semibeg
e o bafo matinal tão típico
dos que são muito
bonitos
e, simpáticos, casam-se,
morrem-se do núcleo
de fundar um novo tipo
de tristeza para poucos
desse encontro com
tudo.
e nem sabes se mulher,
nem mãe de cujo nome
roubaste, na ausência
meu ódio pelo menor,
por ti que enforcarias
meu sonho mais velho,
pelo mais congregador,
o menos amado e tão
sempre antitalentoso
quanto o vibrato que,
menor que dylan menor
que bowie menos que
cobain menor que nós
estamos piores tão bem.
você era o mais bonito,
o menos interessante
porque você havia
trocado
o nome de casamento
de sua mãe com seu pai
e tinha formado o
próprio
nome: cornell, nada
mais.
era apenas tua voz, era
voz
a maior voz da
necessidade,
bom amigo e o mais
lindo...
com cinto não se faz
morte,
não é possível com
tamanha
invocação de todos nós
tão sós,
menos interessante o
que, grave,
pode morrer mas não
saberíamos
viver se não fosse com a
delicadeza
do agudo mais rouco do
grunge,
amigo de todos inimigos
cariocas,
dói tu, grunge, e dói a
tua mãe
viciada em homens rejeitados
como todos nós e a
nossa mais
pura tristeza e por um
fio nas
ombreiras das formas
d’afeição.
aqui estou contigo e é
preciso
fingir que amo lou,
dave, cohen
para ser contigo ou
seja flanco,
uma pessoa que sonha e
morre
e não dá a não ser o
movimento
pálido de uma saída
pela tangente
que é coisa abominável,
chris, vês?
tu sabes muito bem a
alegria clara
que era meu jogo de
bafo, eu tava
na jogada da janela e
eu nem sabia
que todo mundo sem mim
no teu
bigode ralo de carlos santana
novo,
tua síndrome de “quero
estar bem
perto e nunca longe de você,
chris”,
mesmo tendo vivido sem isso,
você,
sem saber que é minha
voz na torre
órfã de toda
brutalidade viva
do amor debaixo de um
cinto
no fim de um show em detroit
quando na verdade era
melhor
ter eu mesmo, como um
louco,
me matado porque há de
se ficar
sem os melhores, que tu
sabes,
cohen, dave jones, légua
tirana
da extinta moral e cívica do dedo
diante de uma palavra
modesta,
tratar o absurdo da
perda nobre
de um desaparecido
desse corpo,
o grande agudo dessa
primeira
ideia de que só se ama
o que é
limpo como a coisa que
não levo
no bolso porque sou
também teu
pai teu irmão tua coisa
encalacrada
e somos sem saber nós
tão bonitos
e esperamos tua verdade
silenciosa
com o peso bochechudo
do corpo
na chuva diante de
dedos em reza.
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