escamas
ou patins
no gelo
ou na água
deslizas
e pulverizas
pedras
e consomes
gentes
e miragens
giram
nos teus olhos
mergulhos
e rasgos
anunciam
as feras
uma escolha
entre
duas
feras é sempre
o projeto
das noites
em transe
de parede
afiando
pergaminhos
para
degolar o vácuo
do
tempo que se foi
e do
tempo que não
chega
mas tu chegas
deslizando
afundando
com
teu próprio peso
morto
com teu passo
em falso
que cultiva
escamas
ou patins
no
gelo ou na água
tua
sina é explodir
para
todos os lados
canibalizar
a raiva
em urro
oitentista
charme
irrefutável
do
que é quase lá
mas
é sempre aqui
acumulando
neve
arrastando
pausas
rompendo
as veias
o
cardápio da vida
o
sono das varandas
a
morte aposentada
este
chicote íntimo
riso
enlouquecido
mostra
da mistura
do que
no princípio
foi a lava do porvir.