agora tomo banho, me
arrumo,
aparo os cabelos nas
orelhas
e os bigodes de leão
marinho,
pois hoje vou ao
matadouro.
no matadouro pessoas
tecem
opiniões relevantes
sobre assuntos
concluídos, os
matadores de mim
leem de tudo e sorriem
frios.
são simpáticos, mas é
possível
também imaginá-los
delatando
alguém por uma bolsa ao
mérito.
são charmosos e pagam
bebidas,
amam com mel de abelha
e foices,
enquanto afiam solidárias
adagas
e notam a perfeita circunferência
dos pescoços de suas vítimas.
é acima de tudo no
matadouro
onde a vida e o sangue
flutuam
em curtos vapores de
humor,
onde compartilhamos
moscas
por dentro dos olhos
virados.
falamos as letras,
sempre elas,
que, mais que lâminas e
balas,
dão polidura ao surto
do sangue.
agora pronto, é chegada
a hora,
rápidas memórias, como
flashes,
alucinam o peito na expectativa
de que a dor seja como
um raio,
um corte seco no que
inaugura
com vísceras a
temporária casa.
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