leões mansos que nos
rodeiam em silêncio
honram o sagrado território
do amor.
tudo o que passa é
apenas semelhança,
é preciso urgentemente
uma cirurgia no coração.
é preciso preencher
estas linhas também
como pontos e grampos
na pele profanada.
é o silêncio assassino
dos leões mansos
aquilo que nos
conforta, a natureza dupla
de um rugido de mil leões
mansos enjaulados,
e todos cantam apenas o
canto do amor
e da vista sem
impedimentos e da impossível
trégua ou descanso, mas
ilimitada é tua coragem,
enquanto bates o queixo
em roupas de cama
nos cômodos infestados
por um velho fardo
que também é teu fardo
enquanto tremes,
digno de reverência, te
bates aos pedaços,
nas ruas destemidas do
anonimato, no ódio
de um mundo doente e
lindo de ser o único.
quando de repente todo
o turbilhão se acalma,
esqueces a coragem e as
ratazanas da alma,
e, ao maculado,
reservada a beleza provisória
de se estar por um
instante entre os deuses.
Um comentário:
e esses leões mansos? não acredito nessa serenidade professada com suores e tremores.
toda essa beleza cobra o seu peso em sangue arterial.
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