temos processado
excesso de informação
e arquivos danificados
sobre o fato
irrefutável
de que há uma baleia na
sala
– perceba-se –
que no mais leve mover
de sua cauda,
um mundo novo desaba
e renasce,
porque a baleia é o
inventor
de nós mamíferos
e se pudéssemos
jorrar água salgada
para cima não
estaríamos
afogados – perceba-se –
há uma baleia que se
afoga
pois é mamífero e veja
os pulmões cheios
de velhos testamentos
impostos a todos nós
– os mamíferos –
navegadores inaptos
entre cachalotes e
jubartes.
algumas espécies
escapam
ao catálogo e o
bestiário
inclui novas entradas:
há marujos entre as
bestas,
o mar como início,
indício
de graves implicações;
o pulmão submerso
que não permite
a total aclimatação.
um dia sentirão falta
dessa vagarosidade,
dessa imensa carga
em seu balé artístico,
e agora cava os tacos
enquanto, abraçados,
ouvimos a promessa
da possível estiagem,
da estação prometida.
como prescindir
das brânquias?
nada há de conferir
maior consciência
pecilotérmica
ao sangue: o sol,
termostato primeiro
com o fato irrefutável
de que há uma baleia
na sala que inunda.
Um comentário:
há mais do que uma baleia na sala.
o bestiário só cresce, independente da nossa vontade.
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