15.2.15

"canções"


preciso outra vez que entrem nuas
pelas dobras dos meus intestinos,
pelas paredes da verdade impura,
estejam nuas quando o assassino
mostrar a faca do discurso aberto
que inunda veias de sangue verde.
quero teu corpo muito mais perto
e, se preciso for, entre parêntesis.
vos quero nuas e até paupérrimas,
de nudez pobre, estéreis de rima
na ventania dos meus cem olhos
costurados como em holocausto.
tal qual sol de meio-dia em zênite,
lendas reclamam o trono deposto,
o novo rei é só parte de um ciclo.
voltem nuas e afundem-se sobre
meu peito – rompam meus olhos
com o arranha-céu do meu gasto.
contornar a tripagem do descarte,
ser sem culpa o segredo salgado
e arder nas gengivas do desgelo.

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