passará como tudo passa
pela pressa do ritual
que escorrega por dentro
da multidão ansiosa
que faz da cena programa
anual de sonho leve.
dormirás enquanto alguns
são felizes e não sabem
apenas observam
e são felizes sem saber
enquanto outros são felizes
e sabem perfeitamente
o que os torna um pouco
mais melancólicos
e pensarás mais uma vez
nos outros nos muitos outros
e nas vagas possibilidades
de muitos outros enquanto
gastas o lençol da tua paz
e tuas pastilhas estomacais
e tua rangente paciência
para rezas de reservatório.
lapidas os excessos
minerais do amor
e cuidas de estar vestido
com roupas de gala
ainda que furadas
e remendadas
porque é chegado o tempo
da alma sem costura
nos silêncios entrecortados
de barulho com que se faz
a música que toca
e une os líquidos
da nova nascente
e morre em poucos dias
e é luta que se trava
com o tempo que atropela
e interrompe as cartas
cheias de amizade e perdão.
tens agora nas mãos
o teu nanquim do socorro
os cílios postiços do milagre
e a pequena violência
de um despejo represado.
de um despejo represado.
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