Levo
a Síria em meu peito. Mas não sei o que é a Síria. Não sei onde é a Síria. Não
sei onde o meu peito. Mas nele eu levo a Síria, com pequenos e grandes homens da
Síria. Há bombas nucleares, dizem, na Síria que levo em meu peito. Há bombas
nucleares e seres malignos negociando por sua paz. Há mortos na Síria, mas não
posso conhecê-los. Não têm rosto os mortos da Síria que levo em meu peito. Síria
de meu peito, não pronunciada potência enigmática, estás calada agora, teus
efeitos nucleares aceleram meu coração que, dizem, também levo em meu peito.
Mas onde, em que espaço, entre que mil outras bombas tão maiores? A Síria pode causar
preocupação de poder à Rússia ou aos Estados Unidos, mas não há megapotência
avassaladora que propague a paz na Síria de meu peito. O negócio do mundo é a
paz, ela é tudo pelo que se fala e pelo que se promove a guerra. Está sempre
noutro lugar, onde quem sabe chegaremos, enquanto fabricamos pontes nucleares,
pela seguridade da paz. Todos lutarão, com seus pares e seus enganos e seus
interesses, pela Síria que está lá fora – onde não sei; o que é, tampouco. Mas
ah, pobre Síria morena e desvairada, descabelado ornamento de esporas em
ferrugem, ninguém se procura enquanto te levo comigo a não sei mais onde, e meu
peito se abre para o anonimato das imensas sensações, encobertas pelas bombas químicas
que senhores frágeis, de ternos e com bigodes ralos ou poucos cabelos, negociam
pelo bem do futuro, enquanto explodes em mil cores para dentro da imposição de
teu parto constante em mim.
19.9.13
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