é preciso causar ainda
alguma beleza,
nem que seja o lenço
caído no soalho,
ou uma valsa vienense
de outrora,
tanto faz se não
sabemos seu nome,
ou mesmo se com sede
recebemos
o que mais tarde iremos
cuspir fora.
é preciso ainda assim
alguma beleza,
uma palavra que
acalente o coração,
uma revelação diminuta
de esperança,
fora das teorias
humanas, ó humanos!
fora dos intestinos
delgados do inferno,
numa jaula de pétalas,
uma luz amarela,
algo no fim de algo que
está no seu fim,
porque é acima de tudo
agora preciso
causar alguma beleza
nem que esteja
no triz que tremeluz pálpebras
de aço,
na gota perene que se
afoga no umbigo,
um vento no rosto,
ainda que marcado
pela areia que escorreu
pelo caminho
de outros que passaram
e, sem saber,
deixaram restos do que
nunca se soube
mas ainda assim chamaremos nossa fé.
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