5.9.13

"chopin"



às vezes sinto que sou um polonês,
um polonês entre o espada e a ditadura,
um polonês que se esqueceu da música,
um polonês ainda assim, baixo e robusto,
que sofre fora do mundo como bom polonês,
viajante paralisado nas alturas oceânicas,

às vezes sinto que sou um polonês
cujos pais viraram sabão e o sabão
tornou acético o que era sujeira tão nossa
e as costas entortam no escambo do ouro
e as facas dão forma a superfícies macias.

às vezes sinto que sou um polonês,
uma corda puxada por duas forças imensas,
pequenino diante do curso dos enganos,
gigantesco no que explode para dentro
a nota segura da última barcarola.

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