8.5.13
"ela chora"
tenho sido pessimista, enquanto, ao meu lado
alguém se veste sem pressa e chora pesado.
e penso que alguém que chora é bom partido
para quem é impossível encontrar um caminho.
ao meu lado alguém chora sem pressa, durmo,
já não tenho lágrimas para entender o absurdo
de quem chora por coisas em que falta o verbo.
afasto, calo, fujo, grito, inauguro-me de inverno,
com verbo demais me descontento, daí declino,
e como é linda, no fundo, essa raiva de menino
que acolhe com olhos inchados o que assusta,
porque chora do que não sabe dizer, e a busca
por achar vida no sem verbo e no verbo demais
é a manta sobre o inverno, dos trapos da paz.
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2 comentários:
encantado e altamente viciado nos teus poemas e em tudo o que você escreve.
essa leitura tornou meu domingo menos decepção de desocupado.
também choro, as vezes, quando te leio. Mary
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