não
lutei boxe na infância
como
costumo proclamar.
nem
mesmo gosto de boxe,
com
exceção da sua dança,
e
isso é bem mais um balé,
e,
aliás, nem gosto de balé.
não
cheguei à faixa verde
do
judô aos quatorze anos,
o que
talvez fosse o sonho
do
meu velho e bom papai
para
mim, já que ele mesmo
lutou
judô na sua infância,
dizia
ele que até muito bem,
mas
eu nem mesmo passei
da
faixa crua, que era como
garotos
mais velhos diziam,
e
isso porque sempre odiei
competir
e me sentia triste
porque
me punham a lutar
com
meninos mais velhos,
de
faixas avançadas apenas
por
eu ser gordo o suficiente
para
ser um saco de pancada.
na
escolinha de futebol eu era
o
antepenúltimo a ser chamado,
o que
poderia representar algum
mérito,
não fosse o penúltimo
o
Gabriel Madalena, que veio
a se
tornar maestro, e o último,
um rapaz
vesgo que havia sofrido
um
gravíssimo acidente de carro,
enxertado
um pedaço da bunda
na
bochecha e a quem os outros
garotos
chamavam calorosamente
cara
de bunda, inclusive eu mesmo;
ele andava
a maior parte do tempo
em cadeira
de rodas e tinha muito
trabalho
com as escadas da escola.
mas o
meu primeiro amor infantil,
desse
eu me lembro, foi o filho
de um
caseiro da chácara na qual
morávamos
em Brasília quando
eu tinha
cinco anos; ele lembrava
um
daqueles rapazotes arruaceiros
das mil
novelas de Jorge Amado,
e
também não curto Jorge Amado.