nos separamos por não mais que duas semanas,
na terceira enlouqueço, mas no começo confesso
que nem sinto falta, agarro-me a expressões inúteis,
agravo-me em dissipações alegres, escudos de bonança,
afundo-me em risos falsos mas muito contagiantes,
mergulho em piruetas acrobáticas de láudano sutil.
engano-me demais e você some por não mais que duas semanas.
vai para bem longe, creio aliviar-me, iludo-me de certo
livre-arbítrio,
no entanto você vai, agora mesmo foi, e repare bem no meu
estado:
sorrio com firmeza, mas sem as alucinações da pureza
serpentina.
sou capaz de dizer que amo, de fazer um brinde ao amor,
mas repare em mim: não sou nada, não sinto nada, sou feliz.
preciso que volte logo, agora digo que preciso imediatamente
ou recorrerei a esferas ainda mais desconhecidas e
temerárias,
provavelmente letais porque te chamo coceira púrpura,
cura e beleza pré-histórica, dobra da primeira separação.
por uma ou duas semanas no máximo você se afasta.
e de repente volta quando sinto que estourei entre nós a
fina fita
e perdi o que não se pode recuperar, mas você volta,
e é quando penso numa espécie de divindade sinistra
e imediatamente quero que você vá novamente e me deixe,
mas eu simplesmente minto e me atiro em resoluções revoltosas
contra as benesses do deus solar das nossas peles.
clamo que volte e decepcione-me ainda uma última vez,
eu grito no que explodo em fragmentos de mil meteoros
e aqui está você, brilhando, luzindo, e já não me satisfaz.
Um comentário:
Muito bom! Seus poemas são incríveis.
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