10.1.13

"ratos quentes"



entramos no meio de uma guerra,
sobre a qual nos disseram “corra”.
sem saber para onde, inventamos
o amor, chamado corrida parada.
com o amor não nos saímos bem,
ele teima ir a um lado, a um outro,
ele não é, em suma, bom soldado.

com olho roxo enfim entendemos
que o amor criado não é do nosso
respeito e que, conforme disseram,
ele quer também correr para longe.
sem aceitar nem entender paramos
a olhar o deslocamento do criado,
lenço no nariz e sangue nos olhos.

pois quando nos disseram “corra”
nós ainda não sabíamos as pernas
que levariam à força ao combate
todos os inventores doutra guerra.
guerra mais parada essa, disseram,
em que todos morrem e não se dá
um passo sem que se dê suspiros.

eles não souberam nos abandonar,
e agora estamos a correr e nenhum
corte brusco da eletricidade local
ou as teclas frias de uma máquina
da qual viemos para inventar aqui
esse amor que nos deixa porque é
também máquina deitada na rosa,
correndo nós não sabíamos correr,
éramos ali os ratos ainda quentes
da primeira corrida antes de todas,
e na estrada do impulso germinal,
nenhum idiota com carro de luxo
vai nos atropelar, nós morderemos
as canelas dos que puxam a linha
que puxa todo o resto e seremos
ratos ainda quentes com seus rifles,
estaremos todos juntos no coletivo,
diremos ainda na primeira do plural,
pois é preciso sempre mais alguém,
mesmo que muito pouco já se saiba
sobre os ratos que chefiam a tropa.

Um comentário:

Anônimo disse...

danou-se... forte, hein?
Bjs. Mary