as bombas longínquas e as chuvas
parasitárias trazem para bem perto
um presságio de “carta ao pai”,
uma volta a mais nas entranhas
do relógio encoberto pela poeira,
e as cartas aos pais não tocam mais
a alma, e as bombas não causam
qualquer tipo de comoção, são negócios
alienados, distantes da ação humana,
e os presságios, esses pobres diabos,
continuam raros, apenas se aproximam
quando são menos esperados, inúteis,
jamais pousam sobre solo firme,
mas nas areias infinitas desses olhos
que ardem sobre túmulos, os presságios
afundam com as crinas em meio ao vento,
essa visão das bombas caindo e as crinas
fugindo como flâmulas rumo à nova
região de fundo seguro, em meio ao fogo
que nos acordou ontem à noite enquanto
sonhávamos suados, doloridos sob a luz.
5.1.09
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