a vida é mesmo um precipício.
há que se aprender a não voltar,
há que se pular de peito aberto
e não deixar carta de instrução.
mas, por favor, olhar para cima.
nunca olhar para baixo, a menos
que se vá desistir de dar o pulo.
a vida, como precipício, é claro,
não é segura.
é susto, logo de início, impulso,
frio na barriga.
no meio a vida é dúvida, tristeza,
lembrança curta
daquilo que não mais se lembra e
que facilmente ia.
no fim a vida é o medo, tropeço,
arrependimento,
e paz, pela obrigatoriedade nula
de só se ter paz.
sempre a precisão inútil das asas,
a força irreparável contra o muro,
os olhos abertos na direção irreal.
a vida é mesmo um precipício
– e tão longa, tão sem retorno!
que assim que um pula na vida
é quando ele sabe que é morto.
20.11.07
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3 comentários:
discordo do fim ...penso que assim q um pula na vida...é q sabe q é VIVO! não morto....Não há notícias ainda de q mortos pensem. rs. É mais dificil e genial se jogar no precipicio pela sede de vida. Só.
é que eu andei lendo um livro muito louco chamado Eureka, de um sujeito muito louco chamado Edgar Allan Poe, e ele diz no livro que a gravidade nada mais é que todo mundo, todas as coisa, tentando retornar a sua primeira unidade caótica. Isso me deixou um pouco abalado, como se, mesmo mortos, vivêssemos apenas para voltar ao um temo eterno, que não passa nunca e também não é lembrança. É isso que eu tentei, burramente, dizer no final do texto. Que a noção de vivo e morto é misturada, e a consciência dela é perigosa. Mas pelo visto não consegui nada disso. O que por um lado me frustra e por outro me estimula a pensar mais.
obrigado, pista, pela leitura atenta e pela pista.
Eu gosto desse.
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